Daniel Ramos da Silva
Universidade de Brasília - UnB

 

Resumo

Sob inspiração elisiana, sobretudo na obra Estabelecidos e Outsiders, em confluência com considerações de André Lemos e Pierre Levy sobre cibercultura, o presente trabalho propõem-se a se lançar sobre o problema da interconexão de conflitos do cotidiano urbano, físico e digital. Levando em consideração maneiras através das quais grupos inseridos em conflitos acessam recursos de poder atrelados à produção e consumo de produtos de opinião pública, dadas às potencialidades da internet e características da mídia massiva. Para tal foi utilizado como janela heurística, na produção do objeto e na proposta de olhar, o embate entre moradores da região da Praça Roosevelt, sitiada na capital paulistana, e skatistas, pelo uso do espaço urbano. No caso – ainda em processo de analise, pela ótica dos produtos de opinião pública produzidos – moradores da região e skatistas reclamam a legitimação de suas demandas sobre o espaço e usos do mesmo, opostos em certos pontos, recorrendo a recursos de poder diferenciados na intenção de agregarem excedente de poder a seus grupos, principalmente no que tangem as decisões e deliberações do cotidiano da praça. Estabelece-se então algo próximo a uma figuração estabelecidos-outsiders, na qual ambos os lados criam e consomem produtos de opinião pública, tanto dentro de uma lógica massiva, quanto pós-massiva de comunicação, com intenção de legitimarem-se enquanto grupo de direito. Entendo como ponto de nexo entre o proposto trabalho e o congresso o fato de que a Roosevelt, que sofrera o reboot físico e agora passa por um aparente vazio simbólico – acredita-se ser esse o caso, uma vez que muito do conflito a respeito da praça perpassa a esfera da nomeação, portanto da significação – é exemplo importante a ser reparado sobre a interconexão entre alguns processos envolvendo espaços físicos, digitais e, principalmente, grupos humanos em transito através de ambos esses espaços, o que potencialmente trás expansão ou reconfiguração de horizontes simbólicos, aprendizados afetivos, reformulações na estruturação de práticas sociais e da própria sensação do continuum espaço-temporal do cotidiano.

 

Abstract

This paper, based on the concept of established-outsiders on Norbert Elias and studies on cyberculture of André Lemos and Pierre Levy, intends to observe the interconnection between physical and digital in urban conflicts. Considering ways in which groups inserted into conflict access power resources related to production and consumption of public opinion, in hand of the potential of the internet and mass media characteristics. To this, a confrontation for urban space use between local residents of Roosevelt Square and skaters was used as heuristics window in the production of the object and the proposed look. Locals and skaters claim the legitimacy of their demands for space, opposites in certain points, using different power resources in the intention to aggregate surplus power to their groups, mainly in that concern the decisions and deliberations of daily life in square. Then settles something close to an established-outsider figuration, in which both sides create and consume media products, both within a mass communication logic, as post-mass communication logic, with the intent to legitimize themselves as a group with the right to use urban space of Roosevelt Square. I understand as a point of connection between the proposed work and the Congress the fact that Roosevelt, who had suffered physical reboot and now undergoes an apparent symbolic void - it is believed to be the case, since much of the conflict over the square pervades the sphere of the appointment - is important example to be repaired on the interconnection between some processes involving physical spaces, digital spaces, and especially human groups in transit via such spaces. This traffic between physical and digital spaces potentially have as a consequence an expansion or reconfiguration of symbolic horizons, affective learning, changes in the structure of social practices and the very sensation of space-time continuum in everyday life.

 

Texto completo: PDF