Entrevista - Sandra Massoni - Foto: Reprodução

PERGUNTA: A senhora poderia nos dar uma descrição mais detalhada sobre o que seria a comunicação estratégica?

RESPOSTA: É uma meta-perspectiva teórica metodológica que contribui para a especificidade da comunicação como disciplina e, ao mesmo tempo, inter e transdisciplinaridade no âmbito da ciência conjunta.

É uma proposta metodológica inovadora, baseada em uma forte autocrítica em relação às formas tradicionais de pensar e se comunicar, desde que sejam consideradas coadjuvantes da atual crise em diversos campos. Trabalha para exceder alguns dos reducionismos das teorias clássicas e, para isso, baseia-se em um novo sistema explicativo, uma teoria da Comunicación Estratégica Enactiva (CEE) que redefine a “comunicação como um encontro na diversidade” (Massoni, 2003), “uma reconfiguração intersubjetiva, dinâmica e evolutiva, micro macro social, complexa, fluida, fraturada e auto-organizada” (Massoni, 2016). Seu correlato metodológico é a Investigación Enactiva en Comunicación (IEC) (Massoni, 2013), uma metodologia participativa para equipes interdisciplinares que aborda a comunicação de uma perspectiva crítica.

Assim, a meta-perspectiva da CEE aborda o encontro sociocultural a partir de uma teoria da comunicação abrangente e geral. Com metodologias, técnicas, instrumentos e ferramentas próprias, examina com critérios científicos a multiplicidade do comunicacional como um auto-dispositivo coletivo e promove processos situados de mudança social conversacional (Massoni, 2016).

 

P: Esse conceito se apoia em quais matrizes de conhecimento, além da comunicação?

R: A teoria da CEE é formulada a partir das epistemologias do sul (De Sousa Santos, 2014) e é nutrida por três raízes que são seus principais antecedentes científicos e experienciais: o pensamento comunicacional latino-americano, o bom viver dos povos nativos da América Latina e os novos paradigmas da ciência, em particular as teorias da complexidade (Morín, 2009), da auto-organização (Maturana e Varela, 1984), da fratalidade (Mandelbrot, 1987) e da fluidez (Prigogine, 1983).

 

P: Como tem sido a receptividade do trabalho de comunicação estratégica no meio profissional, considerando que as pressões de resposta aos problemas são tão intensas por parte das instituições no mundo atual?

R: Os projetos da IEC estão em andamento em empresas, organizações governamentais e ONGs. A Escola de Comunicação Estratégica de Rosário é atualmente composta por mais de cem membros, vindos de diferentes países da América Latina e pertencentes a diferentes áreas, tanto disciplinares quanto de outras áreas de conhecimento (consulte https://comunicacionestrategicarosario.sites.google.com/site/comunicacionestrategicarosario/home).

A articulação de técnicas, ferramentas e instrumentos do IEC constitui um processo concatenado especificamente para promover mudanças sociais de conversação nas organizações. Tanto os participantes da pesquisa realizada quanto os profissionais que participaram das instâncias de treinamento da IEC a consideraram uma metodologia inovadora e avaliaram especialmente a disponibilidade dos diferentes desenvolvimentos operacionais existentes para a implantação das etapas da estratégia de comunicação. Os membros do projeto da IEC enfatizam que a metodologia torna visível a contribuição da comunicação para as equipes interdisciplinares.

 

P: O seu currículo informa que a senhora publicou 18 livros e 34 capítulos de livros, poderia dar um panorama sintético das questões tratadas nesses livros? Em que medida as propostas neles desenvolvidas têm sido aplicadas pelo campo comunicacional?

R: Todos têm como tema a comunicação estratégica. Como mencionei na minha primeira resposta, alguns são desenvolvimentos teóricos e outros metodológicos. Os livros mais recentes estão em uma versão para download no meu site www.sandramassoni.com.ar.

Em inúmeros projetos, essa teoria e essa metodologia foram aplicadas. Muitos deles derivam de teses de pós-graduação. Sessenta e dois cursos curriculares foram desenvolvidos em doutorados, mestrados e especializações em comunicação registrados em 23 universidades de sete países: Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, México e Uruguai. Ao mesmo tempo, cursos extracurriculares sobre IEC e CEE foram desenvolvidos em universidades e centros de pesquisa no Brasil, República Dominicana, Costa Rica e Paraguai, bem como nos países mencionados.

 

P: Qual o foco central da sua exposição no encontro do CISECO?

R: Mostrar como a Investigación Enactiva en Comunicación consiste em outra consideração da alteridade dos atores que promove a participação autêntica, com base no reconhecimento de suas trajetórias. Afastando-se das visões reducionistas do fenômeno da comunicação, em uma IEC - mais do que descrever a circulação da ideologia em condições particulares de decodificação - é interessante promover a promulgação de novas configurações intersubjetivas micro macro sociais.

Essa distinção implica assumir que a comunicação é hoje um espaço estratégico nas dinâmicas sociais. Ele não está mais vinculado apenas à mídia tradicional, mas é uma inovação gerenciável na vida cotidiana em organizações de todos os tipos, dependendo da direcionalidade da mudança que a própria organização procura promover. A questão é especialmente poderosa em seu vínculo com políticas organizacionais em todas as áreas, porque o que está envolvido não é apenas construir mensagens ou planejar espaços que tornariam visível o que foi feito, mas aprender a recuperar a lógica dos atores envolvidos. A IEC trabalha com elementos para convocá-los - com base em seus interesses e necessidades - para participar de uma reconfiguração do território, considerando e aproveitando as múltiplas dimensões do fenômeno comunicacional. Assim, a comunicação se torna estratégica a partir do trabalho sobre o “enactivo”, o surgimento do encontro sociocultural a partir de sua complexidade e fluidez.

 

P: O resumo da sua comunicação fala sobre a existência de uma forte autocrítica feita às modalidades tradicionais para pensar e fazer a comunicação. Em que consiste essa autocrítica?

R: Consiste em que as teorias e metodologias clássicas são participantes de uma ontologia do comunicativo, uma visão que reduz a comunicação a dimensões únicas, focaliza os significados transmitidos, fornece inventários das explicações existentes e subsequentes de ordem diferente, mas não é responsável pelas consequências de sua ação no mundo. Com o qual, antes, é uma investigação que valida e, em certa medida, promove a atual crise de nossas sociedades a partir da comunicação. A meta-perspectiva da CEE faz parte da ciência da articulação como uma contribuição para o Bem Viver.

 

P: Qual modelo alternativo a senhora apresenta e como integra a semiótica e este modelo da comunicação estratégica?

R: A semiótica é integrada à operação cognitiva correspondente ao trabalho de campo, contribuindo com técnicas (Análise de Fala, Análise de Conteúdo, Análise Iconográfica, etc.) para a matriz de dados da Investigación Enactiva em Comunicación.

 

Alguns livros da autora:

 

      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VERSIÓN EN ESPAÑOL

 

PREGUNTA: ¿Nos podría hacer una descripción un poco más detallada sobre qué es la comunicación estratégica?

RESPUESTA: Es una metaperspectiva teórico metodológica que aporta a la especificidad de la comunicación como disciplina y a la vez como inter y transdisciplina en el marco de la ciencia de la articulación.

Es una propuesta metodológica innovadora que se hace a partir de una fuerte autocrítica respecto de las modalidades tradicionales de pensar y hacer comunicación en tanto se las considera coadyuvantes de la crisis actual en ámbitos diversos. Trabaja en rebasar algunos de los reduccionismos de las teorías clásicas y para eso se basa en un sistema explicativo nuevo, una teoría de la Comunicación Estratégica Enactiva (CEE) que redefine a la “comunicación como un encuentro en la diversidad” (Massoni, 2003), “una reconfiguración intersubjetiva, dinámica y evolutiva, micro macro social, compleja, fluida, fractálica y autoorganizada” (Massoni, 2016).  Su correlato metodológico es la Investigación Enactiva en Comunicación (IEC) (Massoni, 2013), una metodología participativa para equipos interdisciplinarios que aborda a la comunicación desde una perspectiva crítica. 

Así, la metaperspectiva de la CEE aborda el encuentro sociocultural desde una teoría de la comunicación comprensiva y general. Con metodologías, técnicas, instrumentos y herramientas propias examina con criterios de cientificidad a la multiplicidad de lo comunicacional como autodispositivo colectivo y propicia procesos situados de cambio social conversacional (Massoni, 2016).

 

P: ¿En qué matrices de conocimiento, además de la comunicación, se apoya ese concepto?

R: La teoría de la CEE se formula desde las epistemologías del sur (De Sousa Santos, 2014) y se nutre de tres raíces que son sus antecedentes científicos y experienciales principales: el pensamiento comunicacional latinoamericano, el buen vivir de los pueblos originarios de Latinoamérica y los nuevos paradigmas de la ciencia, en particular las teorías de la complejidad (Morín, 2009), de la autoorganización (Maturana y Varela, 1984) de la fractalidad (Mandelbrot, 1987) y de lo fluido (Prigogine, 1983). 

 

P: ¿Cómo ha sido la receptividad del trabajo de comunicación estratégica en el medio profesional, considerando que las exigencias de respuesta a los problemas son tan intensas por parte de las instituciones en el mundo actual?

R: Hay proyectos IEC en marcha en empresas, organizaciones gubernamentales y ong. La Escuela de Comunicación Estratégica de Rosario está actualmente integrada por más de cien miembros los cuales provienen de distintos países de Latinoamérica y pertenecen a distintas áreas, tanto disciplinares como de otros campos del saber (ver https://comunicacionestrategicarosario.sites.google.com/site/comunicacionestrategicarosario/home).

La articulación de técnicas, herramientas e instrumentos IEC constituye un proceso concatenado específicamente para propiciar el cambio social conversacional en las organizaciones.Tanto los participantes de las investigaciones realizadas, como los profesionales que participaron en instancias de formación sobre IEC, la han considerado una metodología innovadora y valoraron especialmente la disponibilidad de los distintos desarrollos operacionales existentes para el despliegue de los pasos de la estrategia comunicacional. Los integrantes de proyectos IEC destacan que la metodología hace visible el aporte de la comunicación a equipos interdisciplinarios.

 

P: En su cv informa que publicó 18 libros y 34 capítulos de libro, ¿podría darnos un panorama sintético de los temas tratados en esos libros? ¿En qué medida las propuestas desarrolladas en ellos han sido aplicadas por el campo comunicacional?

R: Todos tienen como tema a la comunicación estratégica. Tal como lo he mencionado en mi primer respuesta, algunos son desarrollos teóricos y otros metodológicos. Los últimos libros se encuentran en versión descargable en mi página web www.sandramassoni.com.ar.

En numerosos proyectos se ha aplicado esta teoría y esta metodología. Muchos de ellos derivados de tesis de posgrado. Se han desarrollado sesenta y dos cursos curriculares en doctorados, maestrías y especializaciones en comunicación registradas en veintitrés universidades de siete países: Argentina, Bolivia, Colombia, Chile, Ecuador, México y Uruguay. A la vez se han desarrollado cursos extracurriculares sobre IEC y CEE en universidades y centros de investigación de Brasil, República Dominicana, Costa Rica y Paraguay, además de en los países antes mencionados.

 

P: ¿Cuál es el tema central de su exposición en el encuentro de CISECO?

R: Mostrar cómo la IEC consiste en una consideración otra de la alteridad de los actores que potencia una participación auténtica, a partir del reconocimiento de sus trayectorias. Alejándose de visiones reduccionistas del fenómeno comunicacional, en una IEC –más que describir la circulación de la ideología en condiciones particulares de decodificación– interesa propiciar la enacción de nuevas configuraciones intersubjetivas micro macro sociales.

Esta distinción implica asumir que la comunicación es hoy un espacio estratégico en las dinámicas sociales. Ya no se vincula sólo con los medios tradicionales, sino que resulta una innovación gestionable en la vida cotidiana en organizaciones de todo tipo en función de la direccionalidad del cambio que la misma organización busque promover. La cuestión resulta especialmente potente en su vinculación con las políticas organizacionales en todos los ámbitos porque de lo que se trata entonces no es solamente de construir mensajes o planificar espacios que visibilizarían lo realizado, sino de aprender a recuperar las lógicas de los actores implicados.  La IEC trabaja en tener elementos para convocarlos –a partir de sus intereses y necesidades– a participar de una reconfiguración del territorio considerando y aprovechando las múltiples dimensiones del fenómeno comunicacional. Así, la comunicación se torna estratégica desde el trabajo sobre lo enactivo, lo emergente del encuentro sociocultural a partir de su complejidad y su fluidez.

 

P: El resumen de su trabajo presentado habla sobre la existencia de una fuerte autocrítica hecha a las modalidades tradicionales de pensar y hacer comunicación, ¿en qué consiste esa autocrítica?

R: Consiste en que las teorías y las metodologías clásicas son partícipes de una ontología de lo comunicativo, una mirada que reduce a la comunicación a dimensiones únicas, se enfoca en las significaciones transmitidas, aporta inventarios de lo existente y explicaciones posteriores de distinto orden, pero no se responsabiliza de las consecuencias de su acción en el mundo. Con lo cual, más bien, es una investigación que convalida y, en alguna medida, promueve la crisis actual de nuestras sociedades desde la comunicación. La metaperspectiva de la CEE se inscribe en la ciencia de la articulación como un aporte al Buen Vivir.

 

P: ¿Cuál es el modelo innovador que usted presenta y cómo integra a la semiótica este modelo de la comunicación estratégica? 

R: La semiótica se integra en la operación cognitiva correspondiente al trabajo de campo, aportando técnicas (Análisis de discurso, Análisis de contenido, Análisis iconográfico, etc) a la matriz de datos de la Investigación Enactiva en Comunicación.