Pasquali nasceu em 20 de junho de 1929, em Rovato, na Itália.  Já aos 18 anos, foi residir na Venezuela, onde viveu praticamente toda a vida e onde também, mais tarde, construiu uma brilhante carreira como pesquisador, professor e ilustre comunicólogo, referência na área da comunicação. Doutor em Filosofia, o pesquisador aprofundou o estudo dos processos comunicacionais, através de uma vasta obra.  Pasquali guardava vínculos afetivos e acadêmicos com o Brasil, onde esteve no fim do século passado, na Universidade de Brasília, ministrando um seminário e também uma conferência no programa de pós-graduação em comunicação daquela instituição universitária.

Mestre de várias gerações, Pasquali foi um dos maiores pensadores contemporâneos   sobre as teorias da comunicação. Uma das marcas de sua pesquisa é voltada para a diferenciação entre as noções de comunicar e informar. Pasquali não concordava com o conceito de “meios de comunicação de massa”. Segundo ele, o termo correto seria “meios de informação”, uma vez que informam, mas sem de fato dialogar com o público. Estas noções são fortemente discutidas em sua obra “Sociologia e Comunicação”, publicada pela Editora Vozes (Petrópolis, 1973). Crítico também dos conteúdos propagados através destes meios, Pasquali tinha uma visão analítica especialmente sobre a televisão, uma vez que esta deixaria muitas vezes a desejar no desempenho de seus serviços prestados à sociedade, em nome de interesses econômicos etc. Através de um ponto de vista questionador, o intelectual foi forte defensor da liberdade de expressão e da ética no exercício do jornalismo. Parte dos seus estudos está voltada para algumas noções sobre a Escola de Frankfurt e suas relações com teorias da comunicação midiática. Além de suas ocupações universitárias, Pasquali esteve por alguns anos na Unesco, em Paris, onde foi diretor da instituição para a área de comunicação, âmbito em que fomentou vários estudos e debates sobre políticas de comunicação no contexto internacional.  

Ao longo de sua extensa trajetória, publicou dois livros em português, o primeiro acima citado e um segundo – “ Do futuro: fatos, reflexões, estratégias “ (Editora Unisinos, São Leopoldo, 2002) –, na sua última visita ao Brasil, oportunidade na qual esteve na Unisinos para ministrar seminários para professores e alunos do programa de pós-graduação em comunicação. Sua obra mais recente foi publicada em espanhol – “La devastación chavista: transporte y comunicaciones”. Um dos seus textos mais apreciados pelos leitores é o livro já clássico “Comunicación y cultura de masas”, publicado em 1964, contemplando uma análise aprofundada acerca dos estudos em comunicação no continente latinoamericano.

Há pouco mais de um ano, Pasquali concedeu uma entrevista que foi publicada no site do CISECO, realizada no contexto do Congresso da ALAIC – Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación, em Lima. Na mesma ocasião, declarou, entre outras coisas, que “a internet trouxe o oxigênio de uma liberdade muito importante: o conhecimento mundial ao alcance de qualquer um” (ver ENTREVISTA). Além desta, sua última entrevista de caráter acadêmico foi dada à revista uruguaia In-Mediaciones (ver SITE DA REVISTA), que será publicada em dezembro próximo, no contexto de um número temático sobre “midiatização da política”.  Antônio Pasquali deixa uma obra que contempla mais de 100 publicações, além dos mais de 20 livros; sem dúvida, uma imensa contribuição à comunidade acadêmica e científica. O momento é de luto pela perda de um grande mestre e amigo.

 


 

Depoimento da professora Ivone de Lourdes Oliveira (PPGCom/PUC Minas):

 

A morte do intelectual venezuelano Antônio Pasquali deixa um vazio irreparável para todos nós, que trabalhamos com e refletimos sobre a comunicação. Para mim, particularmente, que estive com ele recentemente em Costa Rica, durante o Congresso da ALAIC, em julho de 2018, esta perda é muito sofrida. Naquela oportunidade, conversamos muito e o entrevistei para o site do CISECO.

Ainda estudante da PUC Minas, na década de 1970, conheci o Professor Pasquali, quando veio fazer uma conferência na Faculdade de Comunicação, em Belo Horizonte, sobre as influências da Escola de Frankfurt na Comunicação, a convite do Prof. Lélio Fabiano dos Santos, então diretor.  Apesar da dificuldade de entendimento de uma aluna do 4o. período, foi ele, a expressão do pensamento comunicacional latino americano, quem me mostrou a importância de se pensar a comunicação a partir do nosso continente, influenciando-me a investir na vida acadêmica.

Obrigada, Pasquali, pela grandiosa produção científica e pelas deliciosas conversas em San José.

 

Ivone de Lourdes Oliveira

Profa. do Programa de Pós-graduação em Comunicação da PUC Minas.

 


 

Alguns livros do autor:

 

 

 

 


 

 

 

 

Livros em português: